terça-feira, 28 de abril de 2009
E porque jukeboxes há muitas... Overkill
Overkill - Colin Hay (Men at Work)
I cant get to sleep
I think about the implications
Of diving in too deep
And possibly the complications
Especially at night
I worry over situations
I know will be alright
Perhaps its just imagination
Day after day it reappears
Night after night my heartbeat, shows the fear
Ghosts appear and fade away
Alone between the sheets
Only brings exasperation
Its time to walk the streets
Smell the desperation
At least theres pretty lights
And though theres little variation
It nullifies the night
From overkill
Day after day it reappears
Night after night my heartbeat, shows the fear
Ghosts appear and fade away
Come Back Another Day
I cant get to sleep
I think about the implications
Of diving in too deep
And possibly the complications
Especially at night
I worry over situations
I know will be alright
Its just overkill
Day after day it reappears
Night after night my heartbeat, shows the fear
Ghosts appear and fade away
O carro confortável, moderno. Equipado de fábrica com cadeiras para crianças, sensores, GPS. Um sistema de som a rivalizar com as melhores discotecas. Eram amigos de infância. Sentaram-se nos bancos aquecidos. Ele no lugar do condutor. Ela no lugar do pendura. Os Miúdos sentados no banco de trás. Apertaram os cintos e prepararam-se para mais uma viagem até ao Quintal do Zé. Uma rotina que se tinha instalado desde que aquilo tinha acontecido.
A embalar a viagem, que durava pouco mais de meia hora, uma playlist também ela inscrita naquela rotina. Uma viagem pelos anos oitenta, com incursões breves pela música pop mais recente. Das colunas saía o som ensurdecedor dos Queen, Soft Cell ou Cult. Faziam estremecer o carro e silenciavam o diálogo. No banco de trás, os Miúdos cantavam Linkin Park, num inglês como só as crianças de seis anos o sabem inventar.
E um “Overkill”, cantada por Colin Hay, numa versão acústica dos Men at Work. Que a perseguia a Ela durante os dias que se seguiam, a cantarolar a melodia dentro da cabeça, sem saber porquê, à procura do sentido da música. O desconforto sentido de quem não gosta do género musical, mas que não consegue evitar a atracção. Uma mariposa na luz do candeeiro...
No Quintal do Zé, o jantar cúmplice de amigos de longa data, a evitarem a conversa sobre o que tinha acontecido, a contornarem o assunto. Os Miúdos a brincarem, numa nova felicidade descoberta e alinhavada por eles. A sobreviverem à catástrofe, como só as crianças de seis anos o sabem fazer.
A viagem de regresso. Os Miúdos a tombarem de imediato no banco de trás. O cansaço da brincadeira, mil e uma vezes inventada, a vencerem os monstros que existem debaixo da cama. A dormirem um sono solto, em silêncio. E uma playlist a emudecer diálogos, a apagar a conversa. Num grito silencioso, Ele a dizer que combatiam os fantasmas outro dia. Ela, no silêncio gritante da música a desejar que a viagem chegasse ao fim. E um “Overkill”, a persegui-la nos dias que se seguiam. A desejar aniquilar a mariposa...
Um dia, Ela foi à descoberta do sentido do desconforto. Numa playlist que lhe dizia pouco, uma música que a incomodava. Enfrentou os fantasmas e evocou as artes mágicas que expulsam os monstros para reinos distantes. Queimou as asas... Olhou para a música e decifrou-lhe a letra: Overkill - an excess of what is necessary or appropriate for a particular end. E entendeu…
A rotina da viagem até ao Quintal do Zé. Imposta pelos Miúdos. A Miúda, filha dela, a procurar num seu igual o irmão que não tinha, porque os pais se tinham separado precocemente. O Miúdo, filho dele, a preencher com Ela o lugar vazio do pendura. A procurar a mãe que tinha partido recentemente, numa viagem dolorosa e inesperada, sem regresso. A Morte, um monstro debaixo da cama, a ser silenciada num grito ensurdecedor, como só duas crianças de seis anos o sabem fazer...
Maktub
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