domingo, 24 de maio de 2009

A Palavra



O tema é lindo. Faço também minhas estas palavras, pode ser Sr. Pac(otes)? Obrigada por tudo.


Tema para Sassetti - A Palavra - Da Weasel

A caminho da essência eu verifico a cadência
Da matéria que se mostra mim livre de regência
Mato a dor de sentir demais, de amar demais, de pisar demais
Em convenções fundamentais
Encho a cabeça mas não há carga nos contentores
Digo olá aos meus amores, bem-vindas novas cores
Da utopia eu crio filosofia todo o dia quando a apatia
Senta no meu colo e arrelia
Eu faço a liturgia da verdadeira alegria
Música nos meus ouvidos água benta em benta pia
A caminho com prudência eu não esqueço a violência
Que levou alguns dos melhores da minha existência
Mato a saudade de curtir demais, de tirar demais, de pisar demais
Em convenções fundamentais
Eu uso o tacto para trazer a água da minha fonte
Hoje em dia nem sequer preciso atravessar a ponte
Tenho a palavra escrita a tinta negra na minha pele
Menina dos meus olhos, doce como o mel
Palavra puxa palavra põe-me disponível para amar
Tudo aquilo que me seja sensível
E não são poucos aqueles que eu quero sem sequer os poder ver
Foi tanto o que me deram para nunca mais esquecer
Palavra de honra, guardo a palavra no meu bolso
Na parede, no conforto de uma cama de rede
Palavra de honra

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Fado



Sempre ouvi fado em casa, cresci com ele e com a Amália. Fiz questão de não gostar, de não querer ouvir, apesar da insistência dos meus pais. O meu encontro com o Fado surge muito mais tarde, embora hoje saiba que ele sempre fez parte de mim. Só encontro o Fado quando, depois de deixar Lisboa, a reencontro em canções como esta. Quem nunca migrou certamente não entenderá do que falo. Eu não entenderia se não tivesse acontecido comigo.
Vivo com um músico que toca guitarra portuguesa e que ouve muito fado. A minha reacção habitual é repetir com ele o que fiz com os meus pais. Não gosto, não quero ouvir. Mas um dia, ele saiu e deixou no leitor de cd's um disco da Amália. Resolvi ouvi-lo. Tinhamos saído do campo para outra cidade que não Lisboa. Sentia que aquele novo lugar não tinha lugar para mim.
O cd foi tocando e lentamente a minha cabeça foi invadida por imagens da minha cidade. Pelos tais cantos e recantos que descobrira por vivê-la diarimente, por ouvir os seus ritmos e melodias. As cores, os cheiros, os rituais, voltavam como por magia. Chorei copiosamente. O tema "Gaivota" transformou-se na imensa saudade que sinto da minha cidade. De tal forma que, mil vezes ouvido, continuo a chorar copiosamente com saudades de acordar e adormecer na minha Lisboa.



Quando ouvi pela primeira vez a versão do "Gaivota" pelo Projecto Amália Hoje não gostei. Estranhei. Forcei-me a ouvir novamente e compreendi. Não há lugar a comparações. Amália Hoje - o nome diz tudo. Andei intrigada, com vontade de ouvir mais temas deste Projecto. Apanhei-os nos Globos de Ouro, uma revelação.
Finalmente!
A minha geração, liberta de preconceitos e fantasmas, pega na tal herança séria, profunda e intocável, moldando-a à sua maneira. Sem medos, a herança de Amália reclamada pelas nossas tribos. Senti que um peso me saía dos ombros ao ver que demos realmente a volta. Resolvemo-nos. Mais um passo em frente.
I still believe!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Caracóis em headbanging



A cabeça cheia de caracóis que pareciam ter vida própria, o corpo de aparência frágil, o cigarro a bailar nos dedos, apesar da asma que volta e meia lá lhe pregava um susto. Imparável nas graças, nas palhaçadas, nas partidas que não poupavam nada nem ninguém. Na escola (e em todos os outros sítios), não havia meio termo: ou o amavam incondicionalmente ou nutriam por ele um ódio profundo. Eu amei-o desde o primeiro dia. Crescemos juntos, amigos inseparáveis, num enamoramento constante de avanços e recuos.
As noites passadas no teatro, a espreitar camarins, a pisar palcos vazios, a assistir vezes sem conta à mesma peça até saber de cor as deixas de cada um. As escapadelas para as escadarias interiores ou para o terraço, locais secretos para encontros secretos...
Os dias passados em Cascais, entre partidas telefónicas e concertos dos Guns n' Roses em vídeo. As idas ao News, onde nos esforçávamos por estragar os engates um ao outro, talvez o nosso jogo preferido. As tardes na casa para os lados da Avenida, a fazer trabalhos para a escola que saíam sempre melhor depois de pequenos furtos aos cigarros e ao whisky que por ali encontrávamos.
Com ele a vida era uma fonte constante de experimentação e diversão. Um grande teatro onde tudo era matéria de riso, de provocação. Sempre um gentleman, rodeava as amigas de pequenas atenções e mimos. Gravou-me muitas cassetes, daquelas com "passagens especiais de corrida". Sofreu de adicção aos AC/DC durante uns anos e as ditas cassetes não me deixam mentir. Esta foi sempre a minha música preferida deles e ainda hoje ao ouvi-la me lembrei daqueles caracóis em "headbanging"...

domingo, 17 de maio de 2009

Redemption Song



Estava a guardar esta obra prima para um post sobre umas férias de Verão. Agora parece-me subitamente despropositado...
Ainda sobre a Bela Vista e todas as reflexões que estes últimos episódios têm originado, deixo-vos com Bob Marley e a extraordinária "Redemption Song".

"Emancipate yourselves from mental slavery,none but ourselves can free our mind."

Para todos os que vivem e trabalham nas Belas Vistas do Mundo.

Em ligação directa ao blogue da Payita em http://pachadrom.blogspot.com/2009/05/pedras-contra-tanques.html

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sob Pressão

Tenho tido uns dias difíceis. Sob pressão. Não resta grande energia para escrever.
Fica a música.

domingo, 3 de maio de 2009

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dá-lhe Sam!

Não resisto a dar-vos mais um tema do Sam. Poetas de karaoke. Com este tema Sam afirma não apenas a sua identidade como músico, mas sobretudo a liberdade de experimentar e reinventar a língua portuguesa no chamado "hip hop tuga".
O vídeo é genial.



Rapper's hoje em dia são como a pornografia
Nem todos dão tusa porque há uma oferta em demasia
Ofensa à filosofia da nossa imensa minoria
Não curto plagia, fotocopia pirataria
E unir à varial quem tira a magia original
Yoo reflecte e repete comigo eu agi mal
Só tu sabes o que usaste e quando o bolso tiver gasto
Do topo vais cair e não és bem-vindo como um
Padrasto
É aí que me afasto logo pra baixo com pára-quedas
Não te curto como apanhador nao curto moedas
Boy ouve:
Eu não preciso de regressos com sucessos
Eu faço poesia a maioria faz versos
Esquece os outros mete os pontos nos "i's",
Mete os contos no lixo
Ou sons postos no disco, Ouviste?!
Consistência integridade longevidade na essência
Tens de ter paciência
EU, pus-me na bixa, preenchi a ficha, ganhei uma
T-Shirt
Quando ouvi chamar a ficha...kando vi chamar de
artista
À 1ª vista era fixe ter a profissão
Sou vocalista de outra lista dos que pensam que são
É relativo todo o título e toda a afirmação
Sou criativo e digo-o com toda a estimação
Digressão é importante mas a tua e ficção
Como dj's que eu vejo nos pratos mandam "mixão"
Sem convicção,
Sinto-me à frente de gente que tem como influencia
uma
Só referência, uma só canção...
São imitação da escrita que limita a direcção
Solicitação evitam, necessitam correcção...


Refrão:

Dizem que cantam o hip-hop, mas não dizem nada, vêm
com
Poesia mas é só fachada
O português não tá cansado eles vêm com o inglês,
Eu pratico praticando a nossa língua outra vez
Seja hip-hop, seja rock são poetas de karaoke
Dá um stop se não faz block pros poetas de karaoke,
No teu block no teu stock
é poetas de karaoke, poetas de karaoke, são poetas de
karaoke...



Põe a gramática em prática,
Didáctica-o-Dramatica mentes citando técnicas
Poéticas com estéticas
Fonéticas sempre atento ao surpreendente
Com métricas à frente, pra mentes excêntricas
exigentes
Isto é pa todos, não e só pa Mc's
Isto é pa tugas que nunca escrevem na língua raiz
Querem ser internacionais mas tão-se a cagar pra isto
E nunca são originais são Nova york ou Paris
Sempre fui D. Diniz vocês são de onde der mais jeito
Onde houver mais fama e proveito
E se houver mais grana é aceite
E se houver uma dama com bom peito pensam que isso dá
respeito...
Confere e confirma a afirmação?vocês nao acordam
Que eu condeno a vossa causa falsa que vocês abordam
Contractos são assinados com condições que não
Concordam
E as gravatas ficam gratas
Pelos escravos que as engordam
Nao há credibilidade na performance
O microfone não tá ligado isso pra mim é no sence
Não percebo o vosso ponto no meu som, eu ponho censo
Porque eu escrevo como falo, como sonho, e como
penso...



Refrão:

Dizem que cantam o hip-hop, mas não dizem nada, vêm
com
Poesia mas é só fachada
O português não tá cansado eles vêm com o inglês,
Eu pratico praticando a nossa língua outra vez
Seja hip-hop, seja rock são poetas de karaoke
Dá um stop se não faz block pros poetas de karaoke,
No teu block no teu stock
É poetas de karaoke, poetas de karaoke, são poetas de
karaoke... (2X)

Não é correcto e sou mais poeta que vocês,
Todos voz do rock pop hip-hop é escrito em inglês,
Com a desculpa que foi a musica que ouviram ao
crescer
Nunca precisei de ouvir hip hop tuga pró fazer
Isso é o que dá mais prazer o meu idioma exploração
Vocês tentam outra língua pra tentar exportação
Querem ser os "moonspell" querem novos horizontes
Mas aqui o Samuel é madre Deus é Dulce Pontes
Porque há uma identidade vocês são todos idênticos
SÃO autênticos mendigos vendidos por cêntimos
NÃO compreendem o meu sentimento e mentem
Tentem jornalismo ou não comentem
Vocês fazem turismo de emoções que os outros sentem
Eu faço culturismo de expressões que todos sentem
Porque será que nunca param, param com novo
reportório
O vosso não é actual é revista num consultório
E é notório que a história nao quer a vossa presença
No relatório da apólice a rejeição foi essa intenção
Eu sei, no que é que eu vi do típico inox duro
Mais que fotocopias obvias que eu chamo de xerox puro
Vais ver com'é sais a pontapé,
Porque eu sou tipo hoofer?s tu cais tipo sudré
És um café sem SportTV, com o spot vazio
Não se pode evoluir ao ignorar o desafio
É SÓ PREGUIÇA!!!!