sexta-feira, 3 de abril de 2009

O meteorito



As mudanças surgem basicamente de duas formas. Ou somos nós que as provocamos, e aí temos algum tempo para ensaiar, ou não temos qualquer parte activa no processo e caem-nos em cima como um meteorito. Num piscar de olhos, a vida como a entendemos é devastada. E ali ficamos, queixo caído perante a total e completa calamidade. Pensamos por momentos que é o fim, mas rapidamente percebemos que estamos bem vivos.
Porque dói!
Choramos, gritamos, descabelamo-nos. Mantém-se a calamidade e continua a doer. E continuamos vivos. Mais vale viver, assim sendo. Enxugamos as lágrimas e seguimos. Um dia após o outro. Horas que não passam, piadas sem graça, comida sem tempero. Tudo sabe a nada. Existimos, ocupamos espaço, cumprimos. Nada mais. O espectáculo tem que continuar por isso mascaramo-nos de sorrisos e usamos todos os truques que temos na manga. Não para ganhar, apenas para permanecer em jogo. Desistir continua a ser uma hipótese mas começamos a sentir que não vai acontecer assim, o desfecho não será esse. De outra forma teríamos certamente morrido.
A luz ao fundo do túnel, uma réstia de energia. Juntamos-lhe uma porção da raiva e frustração por termos sido vítimas de algo incontrolável, uma pitada de orgulho, um restinho de amor próprio, um pouco de fé num destino maior e, voilá! O princípio da força para recomeçar.
Começamos a ter saudades do futuro. Descobrimos insignificâncias essenciais, recebemos de volta o nosso sorriso genuíno. O mundo retribui a atenção e presenteia-nos com promessas de felicidade. Ganhamos cor e solidez.
Afinal o meteorito não era assim tão grande. Nem sei se seria mesmo um meteorito... talvez uma pedra... pequenita.

Para uma companheira de savana

4 comentários:

fumante disse...

Por isso se diz que "a esperança é a última a morrer"!
O tempo que passamos de volta dos meteoritos da nossa vida, só existem porque temos a esperança de os resolver. Mesmo por muito ténue que seja, essa esperança existe.
E é por isso também que são meteoritos até os termos destruído ou ultrapassado. Só depois, às vezes muito depois, se começam a configurar como pequenas pedritas que por ali andaram mas que, naquele momento, tinham o tamanho do Mundo.
Nós, nesta área social, podemos aplicar isto também à nossa intervenção. Acreditar nas mudanças. Acreditar que é possível. "yes, we can!". Quando ou se, essa "fé" se dissapa, então passa a ser muito mais dificil intervir eficaz e eficientemente. Nós devemos ser os primeiros a acreditar que é possível, transmitir isso a quem ver ter connosco e fazê-los/as acreditar. O primeiro passo para a mudança é um passão!
Eu acredito!

La Payita disse...

Para a companheira da savana só digo uma coisa:

Fazer o pino! ;)

Besitos, LP.

Anônimo disse...

...alguem um dia me escreveu , que o futuro não pode ser previsto, mas pode ser inventado, e essa capacidade que temos, faz nos continuar a ter esperanças....e de facto as quedas não podem ser previstas, mas com guardiões como voçês podem ser camufuladas.

E sim há que saber fazer o pino quando o mundo ta ao contrario

obrigada

Companheira de Savana

catizzz disse...

Não agradeças, senão terei que agradecer todas as vezes que me fizeste fazer o pino... e já foram algumas!