quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Crapot
A casa era mesmo em frente à escola. O quarto era enorme. O mais desarrumado da história. Afastávamos os livros, os papeis, a roupa e as outras tralhas que tapavam o chão de madeira. Só o espaço suficiente para deitar as cartas e jogar um crapot. O "The Wall" rodava numa cassete muito gasta.Ela ganhava quase sempre, eu perdia-me em conversas e cantorias e esquecia-me da estratégia. Era só nosso aquele ritual, familiar e apaziguador. E tínhamos tanto tempo...
Crescemos, ela deixou o quarto enorme e desarrumado da casa da mãe. As nossas vidas deram voltas e mais voltas. Deixámos de jogar, houve mesmo alturas em que deixámos de nos ver, de nos falar.
Anos mais tarde, quando o pai dela morreu e ficámos por umas horas sozinhas, ela pôs o "The Wall" a tocar (agora já em cd) e perguntou: Jogamos um crapot?
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5 comentários:
Eu disse "drunfa" e não "de cortar os pulsos"... :P
Mas continua... Ainda havemos de encontrar a música "soulmate" deste blog... ;)
Besitos, LP.
Música.
Engraçado o lugar que ocupa na vida da maioria das pessoas. O modo como as influencia e como se cria uma identidade pessoal assente na sua influência. E depois somos punks, vang's (vanguardas), góticos, heavy's, rockabillies...
Muitas vezes dou comigo a pensar qual seria a banda sonora da minha vida. Que músicas escolheria? A que momentos as adequaria? E como seria viver esses momentos a ouvi-la?
Uma coisa é certa, há músicas que me transportam de imediato para momentos e idades a que não voltarei. E são nostalgia. E são alegria. E são tristeza.E são, afinal, a banda sonora da minha vida. Ainda que não as tenha escolhido...
Acreditas que me pifaram cá de casa esse CD? O LP também já desapareceu (terá ido à vida na feira da ladra?). E agora que moro num apartamento do tamanho do meu antigo quarto, lá tenho que manter a tralha arrumada...
Este blog promete: com a falta de memória que tenho (também a devo ter vendido na feira da ladra), isto vai ser bom...
sou contra a moderação de comentários!!!
Tear douwn the walls ó katy
Ok ok ok ok. A pedido de várias famílias os comentários deixam de ser moderados. Caraças! Esta coisa de abrir o blog e ler: tem x comentários para moderar fazia-me sentir importante! Mas pronto... Sacrífico mais uma vez o meu ego em prole da liberdade colectiva.!
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