terça-feira, 21 de outubro de 2008
I'm just a girl
Cresci no meio dos rapazes. Muitas vezes era a única rapariga e gostava disso. Mas nunca foi fácil. Se me tratavam como diferente ou me punham de parte, ficava furiosa. Se me tratavam como igual, negligenciando as minhas sensibilidades femininas, amuava. Mas apesar de tudo, era muito divertido. Os rapazes eram mais livres, com eles vivi experiências importantes e aprendi, muito cedo, que a igualdade de género é ainda uma miragem em muitos aspectos. Talvez nos mais importantes.
Vê-los safarem-se com todo o tipo de loucuras às quais os adultos achavam imensa gracinha, considerando-as perfeitamente compreensíveis, afinal, eram rapazes... Se eu fizesse metade das ditas loucuras, era o fim do mundo (onde é que esta rapariga vai parar???!!!)! Fui olhada de lado e criticada, mas nunca recuei. Aquela liberdade era minha também, raios! Ou não foi isso que nos ensinaram?
A liberdade estava ganha, os nossos pais tinham-na conseguido. Para nós, para todos.
Ilusão... Das raparigas toda a gente continuava a esperar uma postura social "adequada", mais recatada e serena. Mas isto já não era afirmado em voz alta. Em voz alta o discurso era efectivamente o da igualdade, o da liberdade. Confuso para quem está a crescer e tenta entender o que se passa à sua volta, não?
Hoje sou mãe de duas meninas. Espero sinceramente que para elas seja mais fácil conquistar o seu lugar no mundo, sem amarras de nenhuma espécie.
Espero sobretudo que nunca tenham que gritar "I'm just a girl in the world... that's all that you let me be!"
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5 comentários:
Senti-me perfeitamente identificada com este post! Quase cópia da minha juventude... Acresce-lhe o facto de ser a mais velha da minha geração. Por isso, cresci a ter de lutar pela minha liberdade, autonomia...
... A conquistar as saídas à noite, em braços de ferro intermináveis com o meu pai e depois via o meu irmão e os meus primos e primas, a fazerem o mesmo que eu, dois anos mais cedo, e sem esforço... Uma injustiça! Já para não falar, quando as contrapartidas eram ter de arrastar comigo o irmão e os primos e primas...
Mas uma coisa reconheço na liberdade conquistada pelos nossos pais. É que nos puderam educar para que pudessemos pensar por nós próprios, questionar as normas... E é por isso que olhamos para trás e percebemos que na igualdade de género ainda temos muito que fazer...
As nossas filhas hão-de ir mais longe... Basta pensarmos que na idade que têm e na força com que dizem "Não quero! EU é que sei o que QUERO!!!" E argumentam... E fomos nós que lhes demos a argumentação... (e às vezes sinto uma certa nostalgia da vara de marmeleiro...)
Viva NÓS!!! As Gajas...
(Quando eras mais nova amuavas? Nunca esperaria tal... )
ela amuava, mas em estilo sexy...
Apetece-me dizer-te:
People are strange, when you're a stranger, faces look ugly when you're alone, women seem wicked when you're unwanted...
http://br.youtube.com/watch?v=old6xeBVIfw
VC
VC: Fica prometido um post sobre essa canção! Até que enfim que alguém responde com música! Podemos iniciar uma seccção de discos pedidos!
Estou a deliciar-me no teu blog. Finalmente escreves fora de portas, recordo-me de "coisas" sempre. Também sempre, fizeste questão de não fazer esquecer todas as histórias do nosso agora tempo. AInda tens os teus antigos apontamentos de pensamentos e diários?...lindo, gostava de voltar a ler.
POr todas as experiências e vivências! Um brinde à grupeta e saudinha! Beijos.
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