terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Música de Bruxas



Vivíamos entre Lisboa e Madrid. As duas cidades eram separadas por uma viagem surreal de autocarro que durava cerca de 9 horas. Metade da semana cá, metade da semana lá. A velocidade das nossas vidas só era suportada pela nossa juventude e pela amizade forte que nos unia.
E há tantas histórias para contar! O choque cultural com os "nuestros hermanos", a faculdade, os senhorios, as noitadas madrilenas, as excursões ao Rainha Sofia para ver outra e outra vez o Picasso, o Miró e o Dali, a árvore das siestas no Campus, os amigos argelinos, a forma como fomos descobrindo aquela cidade que ficou também um bocadinho nossa. As experiências que só podemos viver longe de casa, como os olhos se encherem de lágrimas quando, na semana portuguesa do El Corte Ingles, nos deparámos com embalagens de leite Mimosa e vinho alentejano!
E a casa que conseguimos alugar após uma verdadeira odisseia ... Muito bem situada, no coração da cidade. Um pequeno bunker no alto de um prédio. Uma única janela, minúsculo quadrado junto ao tecto na sala, pela qual a Lua passava às vezes, em jeito de consolo. Os jantares à oriental (porque não tínhamos cadeiras), regados com vinho Rioja e muitos ataques de riso (ainda temos que apanhar uma bebedeira hoje!). A hora de ponta no wc, entre rimel e blush, e mais uns quantos ataques de riso. "Las Espice Girls", a mil à hora mas sempre em grande estilo!
Este álbum dos Portishead tocava muito no nosso pequeno bunker madrileno. A Elsa dizia sempre que era música de bruxas. Tal como nós... Uma irmandade no feminino, forte e inquebrável.
"Espice Girls Forever!"

8 comentários:

La Payita disse...

Eu depois venho comentar como deve de ser, até porque adoro a música...

Mas hoje... Não consigo.. Depois do dia que me aconteceu, um post que se chama "Música de Bruxas"... É demais, até pra mim!!!

Que eu não acredito, mas que as hay...

Besitos, LP.

Volto outro dia... Na minha vassoura! ihihihih

Anônimo disse...

Quero apenas aqui expressar o meu contentamento com a escolha musical.
Música de bruxas...engraçado... nunca tinha ouvido esta designação para Portishead.

LB

Anônimo disse...

hummm.... a mim portishead faz-me lembrar o ano em que finalmente me apaixonei... (pqp)

La Payita disse...

Opá! Tinha escrito um comentário sobre este post. Tava na pen e o computador não abre o maldito documento...

Estará embruxado? :S

Volto outro dia... Outra vez...

Besitos!

La Payita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
La Payita disse...

Pronto! Tá decidido!!! Vou à bruxa!!

Agora ficou a meio...

lolololololol

Mais uma voltinha?

ihihihihh

La Payita disse...

Viagens… Não, não é o álbum do Pedro Abrunhosa. Mas podia ser. Faz parte da minha jukebox da altura destas histórias.
Fazia Setúbal-Porto, Porto-Setúbal. Quatro, cinco, seis horas de viagem, todos os meses. Quando comecei a odisseia não havia A1. A estrada nacional. A paragem nos grandes restaurantes. Faliram? Ir à casa de banho, fumar um cigarro, beber um café. Siga viagem…
Com a auto-estrada, novinha em folha, poupei o quê?, uma hora? Porque a modernidade ligava o Porto, que é uma NAÇÕEN!, e Lisboa, que o resto é paisagem. E as ligações até à aldeia? Ai Portugal, Portugal… A viagem directa Porto-Lisboa. Sem fumar…
Quatro, cinco, seis horas de viagem, todos os meses. Sozinha. As irmandades das bruxas, de um lado ou outro à espera. Os companheiros de viagem, a estudá-los. Os típicos que sacavam da broa, das chouriças e da navalha . Um copo de vinho. Eu a babar… Os que falavam sem parar, até lhes conseguirmos aconselhar o que fazer da vida. Os que ressonavam. Os de olhar ausente… Siga!
Sozinha. Os “fones” nas orelhas. O MP3 ainda não tinha sido inventado. Cassete atrás de cassete. E uma delas… “Dummy”. Em repeat, que é como quem diz, acabou, vira para o outro lado! Forward, rewind… “Roads”, a preferida. Nem de propósito!
Uma paixão tal pelos Portishead que mais tarde faria uma outra viagem, até ao Sudoeste. Conduzia há pouco tempo. Arranjei dois malucos para virem comigo, no carro vermelho da minha mãe. Domingo. Ir e vir no mesmo dia. Para ver os Portishead. Segunda, dia de trabalho.
Cheguei lá a tempo de arranjar outra paixão, PJ Harvey, que não conhecia. E Portishead… Não me desiludiram. Não gastei a viagem. Agrafada ao chão…
Voltei. Com o depósito na reserva. O caminho todo sem uma bomba de gasolina. Uma aflição. Eu mais dois malucos. A modernidade e as gasolineiras ainda não se tinham encontrado. Ai Portugal, Portugal…
Cheguei pelas seis da manhã. O carro castanho do pó. O duche de hora e meia. A água castanha a ir pelo ralo…
Nove da manhã em ponto. Sem dormir. A abrir o estaminé do trabalho. E a cantar… “I’m so tired”…
Gracías por este momento. Já nem me lembrava destas coisas…

Música de bruxas? Também nunca me ocorreu. Pensaria primeiro em Dead Can Dance ou Diamanda Galás. Também da juke da mesma altura… ;)

Besitos, LP.

La Payita disse...

Olé!!!!

O feitiço foi quebrado! À quarta tentativa. Hmmmmm... Isto lembra-me qualquer coisa... ;)

:D:D:D:D