domingo, 25 de janeiro de 2009

E porque jukeboxes há muitas... Purple Stain

Intro

E porque jukeboxes há muitas, deixo-vos com... Purple Stain. É dedicado a uma homónima com quem partilho mais do que o nome. É nos momentos mais difíceis que a música cumpre o seu papel mais extraordinário, mostrando-nos que não estamos sós e que, apesar de tudo, haverá sempre um amanhã, diferente, melhor.



Primeiro ano da Faculdade. A desvendar-nos os mistérios da Psicologia Experimental, um Cromo de cabelos encaracolados compridos, ar tresloucado, que sempre suspeitámos deixar às leis do acaso, pouco científicas, a atribuição das notas. Suspeição que confirmei quando recebi a nota da segunda frequência. Tinha passado, quando esperava um falhanço rotundo!!! A minha estrelinha por uma vez a beneficiar-me...
Deste Professor, além da pauta das notas, lembro-me dos exemplos com que nos explicava correlações, análises de clusters, métodos quase-experimentais... Surreais todos eles! Nos acetatos, macacos pendurados em gráficos, cenouras que cresciam mais ou menos em função da humidade do ar, pombos que depenicavam bagos de milho consoante a hora do dia e o entusiamo das pessoas nos espectáculos dos Red Hot Chili Peppers dependente da variável "número de encores", e por aí em diante...
Por isso, durante algum tempo, os Red Hot foram para mim qualquer coisa do imaginário de um Cromo criativo, e com os quais perdia noites de sono a tentar descodificá-los para passar à maldita cadeira. Quando descobri que existiam mesmo fiquei surpreendida! Afinal o meu Professor era deste planeta! Quando os vi pela primeira vez na televisão e olhei para a figurinha do vocalista, percebi a correlação entre aquele Cromo e o grupo: positiva e altíssima!!!
Alguns anos depois oferecem-me "Californication". Não conseguia passar da faixa 3, "Scar Tissue". A guitarra no início hipnotizava-me. Depois ouvi o resto. Com prazer.
Muito tempo depois, uma festa na minha casa. Memorável. A Cat sentada no chão da minha sala, rodeada de caixas de cds por todo o lado, a rosnar a quem se atrevesse a interferir na sua tarefa de DJ da noite. O ar de felicidade absoluta ao descobrir, no meio daquele inferno drunfa, o Californication. A dizer-me: "tu tens aqui um álbum muito bom!!!". E virou e revirou a caixa, com carinho, senti... (e algum alívio, provavelmente a pensar ainda há esperança naquela rapariga...)
O tempo passou novamente. Em tempos tristes e dificeis aconteceu-me a vontade de ouvir qualquer coisa mais "violenta". Lembrei-me do Californication. A tocar no carro. Transformou-se numa das muitas estratégias que tive de inventar para comunicar com uma adolescente. Ofereci-lhe o CD. O meu.
E o meu contributo hoje para esta Jukebox comunitária é o "Purple Stain", a música preferida de uma miúda de 12 anos, homónima de uma outra miúda com mais alguns. Preferida só porque gosta da "voz dele no início"...

La Payita

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