terça-feira, 4 de novembro de 2008

E porque jukeboxes há muitas... Maria Albertina

Intro
E porque jukeboxes há muitas, mais uma amiga aceitou o desafio (de tão fartinha que estava deste blog não ter música de jeito!). Assim, deixo-vos com a jukebox da LP e a já mundialmente conhecida...

Maria Albertina




Corria o ano de dois mil e quatro. Estava numa reunião, numa sala que não era a minha. A porta abre-se e a cabeça ruiva da Sãozinha a espreitar: "Posso interromper? É para apresentar uma colega nova... Antropóloga." Antropologia... Que interessante! A colega nova, ainda não a conhecia, mas já tinha créditos na minha consideração. Lembro-me de ter achado piada o facto de uma antropóloga vir trabalhar com os Imigras, ela própria com ar de ter acabado de chegar do Oriente.
Nos tempos que se seguiram, os nossos caminhos foram-se cruzando aqui e ali, as nossas áreas de trabalho a tocarem-se. Lembro-me de certa vez lhe ter perguntado afinal o que é isso de "etnias" e "culturas"? Soltou uma das suas gargalhadas, que se costumam ouvir no "Bolinho", e respondeu-me com sentido de humor: "Isso também nós gostávamos de saber! Quando descobrires avisa!". Pensei: "Temos Dótora!" Nada é mais enervante que os académicos com os conceitos prontos na ponta da língua!
O primeiro momento de cumplicidade que recordo foi num dia de convívio de trabalho. Incluía um pedipaper. Começávamos a trabalhar juntas as questões de género. Resolvemos testar o conceito de conciliação da vida familiar e profissional. Levámos as filhas, bebés de carrinho, ainda. E conseguimos! É claro que os outros elementos do grupo tiveram de andar a passo de caracol, parar e segurar nos carrinhos para contornar toda a espécie de obstáculos na cidade... No final, não sei se tínhamos expandido os nossos conhecimentos sobre o Barroco, mas os nossos colegas tinham aprendido o suficiente sobre barreiras arquitectónicas urbanas...
Um dia, emprestou-me um CD, que andava a ouvir e que estava a adorar. Humanos. Gostei tanto que comprei o CD. Na altura era muito radical com as cópias... Tornou-se a banda sonora dos meses seguintes. A "Maria Albertina" a tocar em repeat lá em casa, música de eleição da minha filha. Houve um concerto no Coliseu. Não pude ir mas a colega trouxe-me um bocadinho do concerto, gravado no telemóvel. Tinha-se lembrado de mim...
A vida profissional a misturar-se com a pessoal. A criarem-se solidariedades femininas, tantas vezes náufragas do mesmo barco, a vivermos com intensidade momentos que com as exigências familiares e profissionais acrescentam um novo sentido à palavra liberdade. A queimar soutiens, a trocar confidências. A chorar, a rir, a gritar e a cantar (mais ela...), em momentos cúmplices.
As Feiras de Sant'Iago a reflectirem momentos decisivos na vida de cada uma de nós e a criarem espaço para a conversa, para a amizade. Pelo meio, organizámos espectáculos, exposições, arrumámos cadeiras, fomos camionistas, angariámos bonés para o chueco frito, escrevemos discursos políticos, fomos dirigentes associativas... Agora andamos a salvar o Planeta, contra os académicos que pretendem espartilhar o mundo em objectivos específicos e gerais, contra o status quo das organizações religiosamente politizadas...
E a acompanhar a construção desta amizade, as filhas. A crescerem e a conviverem em Festas de Pijama que reproduzem os afectos das mães. A brincarem e a inventarem a amizade. A afastarem-se para deixar respirar a relação. Dois temperamentos emotivos. Duas personalidades fortes. Cada uma no seu estilo. Com pêlo na venta!!!
Setembro de 2007. A família almoçava no restaurante do costume. A minha filha, cinco anos feitos há pouco tempo, rabiscava a toalha de papel, como de costume. Volta-se para o tio e diz: "Olha!". Tinha acabado de escrever palavras em letras garrafais, sozinha, pela primeira vez. Na toalha de papel, guardada para a eternidade, estava escrito: MARIA ALBERTINA.

LP.

3 comentários:

Luis Francisco G Padrela disse...

pfffff... e eu à espera aqui de alguma peça de Chopin, ou de Rachmaninov ou o catano, e saem-me estas abéculas dos "Des-Humanos".... Sinceramente ó keyboardpall, tája perdere kólidades filha!!!

ps: tirando isso, gostei do texto (não confundir com testo!!).

Candandu amigo, yá ??

La Payita disse...

Bem...

Uma coisa é certa! Esta jukebox de consensual não tem nada!! VIVA A DIVERSIDADE!!!!

E já está na altura de me redimir e escrever isto... Goste-se ou não das músicas, este é um espaço partilhado!! Por todos! O que diz muito sobre a personalidade de quem o promoveu!!

Um OLÉ com DUENDE à Catizzz, que merece!!!

Besitos!

Oh lp's keyboardpal... Já não se pode dizer o mesmo do teu blog!! Não partilhado??? Xungaria!! :P

catizzz disse...

Obrigada pelo elogio LP! Sr. Luís, deixe-se de histórias e partilhe a sua jukebox, tenho a certeza que está recheada de boa música!