sábado, 1 de novembro de 2008
My yellow rose...
Eram tempos diferentes. Tempos com muito tempo. Finalmente. Tomara aquela vida, a minha, nas mãos, e entregava-a. Ao tempo, ao destino, às vontades. Ao imediato.
Aquele quarto, aberto só para mim, como um pedido de intimidade. Um amor imenso, porque nascido e ancorado na amizade, numa irmandade codificada por nós, que naquele tempo era Tudo.
E a música. Partilhada, vivida, sentida. Sempre, sempre música. A música que vinha de um quarto irmão e que ecoava pela casa aparentemente triste. Aparentemente desastrosa. Um palácio de príncipes e princesas melancólicos e aprisonados, mas nunca rendidos.
Discos inteiros cantados ao ouvido, numa voz que, naqueles momentos, vinha dos céus. Só para mim...
"My yellow rose..."
Lembro-me das sombras dos corpos frágeis na parede amarelada, lembro-me de me perder dentro da minha cabeça e entender a sua infinidade. Lembro-me de saber que não estava só. Lembro-me de saber que a salvação estava longe e de não me importar nada que fosse assim. Lembro-me de não querer saber se era dia ou noite.
Foi nessa viagem que mergulhei na obra de Roger Waters. E que viagem...
Uma viagem guiada pelos melhores anfitriões. Uma viagem à introversão, à exploração de nós próprios ao limite. Como bailarina no arame, percorri o caminho sem nunca saber que a rede estava lá. Ou, se calhar, sentindo-a intrinsecamente...
Esta é a minha humilde homenagem aos meus dois irmãos da vida. Um, eternamente meu mano velho, outro, um par que foi sem nunca o poder ser, e que, se calhar por isso mesmo, permanece.
O vídeo é do álbum "Amused to Death", chama-se "We were watching tv". Fala de um massacre. Um massacre, como todos, aproveitado politicamente das mais diversas formas. Aqui, não representa nada disso. "My yellow rose". Essa frase carregada de significado(s), naqueles momentos, era "apenas" uma declaração ao meu ouvido.
Era todo o meu eu compreendido e chorado a dois.
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Um comentário:
Uma viagem à introversão, à exploração de nós próprios ao limite.
e que ainda nao acabou...
e que nunca acabara...i kiss u ehehehe com uma lagrima no canto do olho com um sorriso de orelha a orelha
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