sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

I Stay Away



Às vezes ouvimos insistentemente determinadas canções durante anos. Os álbuns rodam mas só ouvimos com ouvidos de ouvir algumas faixas. Um dos fenómenos que me acontece com alguma frequência é descobrir e apaixonar-me por determinada canção anos depois. Essa é a minha história com esta canção. Tal como os Pearl Jam, os Alice in Chains (e os Stone Temple Pilots sobre os quais ainda hei-de escrever) foram banda sonora de alguns anos da minha vida. Mas este "I Stay Away", descobri-o depois. E apaixonei-me. É, ainda hoje, um dos temas dos Alice que mais gosto. E descobri-o porque estava zangada. Muito zangada. Vivia no campo e saí de carro sem destino. Acelerava na estrada nacional quando esta faixa começou a tocar. Estava longe dos velhos amigos, longe da cidade e dos refúgios habituais. Sentia-me só, deslocada e incompreendida. A música, a letra, todo o ambiente do "I Stay Away" parecia traduzir exactamente o que sentia naquele momento.
Nem sei bem como, mas acabei por ir parar ao Cromeleque dos Almendres. Um sítio incrível e mágico. O dia estava no fim, as pedras estavam quentes e deixei-me estar por ali, encostada a uma pedra, perdida no seu calor, na sua energia. Enquanto o Sol desaparecia e a noite lentamente se afirmava fui sentindo toda aquela raiva e zanga desaparecer. Voltei para casa com a mesma banda sonora mas bem mais tranquila. A minha gente esperava-me, preocupada com a minha ausência prolongada após a saída em fúria. O jantar estava pronto. A refeição começou em silêncio mas a tensão que restava foi rapidamente libertada e a conversa animada retornou, como de costume. Parei um momento para nos observar. Pertencia ali, sem dúvida. Se permanecesse away seria uma escolha. Um erro só meu.

Um comentário:

Miguel disse...

E ficaste muito bem