segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Caminhadas Nocturnas
Em altos berros nos carros, em festas, no banho, em excursões da escola, em quartos de amigos, nas férias, esta canção e este álbum estiveram sempre lá. Mais do que os Violent Femmes, recordo as vozes a cantar à capela. "I take one, one, one 'cause you left me, two, two, two for...". E surgem-me imagens dos nossos percursos a pé na noite de Lisboa quando o Bairro Alto fechava portas e era hora de "descer" para outras paragens. Correr a Calçada do Combro rumo a Santos ou improvisar atalhos em direcção ao Cais do Sodré, a descer todos os santos ajudam! Como naquela altura o aumento da criminalidade não aparecia nas notícias, aliás a polícia era mais temida que os criminosos, iamos tranquilos e a cantar. A cidade era nossa, inventávamos e reinventávamos percursos e, aquecidos pela agitação nocturna, raramente precisávamos de motorista. Foi assim que conheci Lisboa profundamente, que lhe tomei o pulso. Descobri as suas múltiplas dimensões, as suas belezas e virtudes, as suas misérias e angústias. Sobretudo, foi assim que eu e a cidade nos fundimos, numa ligação tão profunda que julgo inquebrável.
A minha geração foi provavelmente a última a poder gozar estes passeios guiados pela lua. Sinais do tempo...
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6 comentários:
Á muito tempo que ando para escrever no teu blog….n que tivesse a espera da musica perfeita ou qual a qual me identificasse na tua jukebox, mas porque queria escrever alguma coisa sentida e não escrever só por escrever comentar só por comentar….Hoje andava por o youtube a procura de musicas para gravar um cd que me acompanhasse nas viagens q terei de fazer rumo a tua cidade natal ao longo deste ano e de que mt falas neste blog e ouvi uma musica à muito esquecida.
Apesar da musica sempre ter feito parte da minha vida, nunca fui mt boa a decorar álbuns nem a identificar autores…enfim..,isto tudo para dizer que ainda não consegui deixar de a ouvir….e senti que queria partilhar esta musica cntg…que esta era a forma como queria contribuir neste blog, onde as vivências se cruzam com a musica, ou as musicas com as vivências……..no fundo o que te quero dizer com esta musica e q nunca pares de olhar…para dentro de ti e simplesmente para a vida e para o que faz parte dela …só assim vais poder continuara a cantar a tua existência
http://www.youtube.com/watch?v=3kgd5WHyC0Q
das neves
Gracias das Neves, mesmo. Até fiquei sem palavras...
Os "Violent Femmes" fazem parte do meu imaginário. E à memória trazem-me momentos. E trazem-me amigos. E trazem-me serões de conversas e a coberto do manto da Noite.
Trazem-me daqueles momentos únicos e irrepetíveis em que nos descobríamos e descobríamos o Mundo à nossa volta com uma curiosidade, com um olhar e com um sentir que só aquela idade e aquele tempo proporciona.
Oi Catarina, não posso deixar de comentar, não só este mas os outros «telediscos», para usar uma expressão do meu tempo.
De facto a vida não só é engraçada como é sobretudo irónica!! - Dava para anexar Alanis Morisette-
Passamos metade do tempo a sonhar com o futuro e a outra metade a recordar o passado...
Mas o mais interesante é que reconhecemos as nossas proprias experiencias nas experiencias dos outros e isso aproxima-nos
Eu como tu (e aliás contigo) desci o bairro Alto algumas vezes à luz da Lua, outras já à luz do dia e misturei-me também com o seu sabor, o seu fluir
Mas ao contrario de ti ainda hoje quando faço esses caminhos não existe em mim nenhum sentimento de insegurança. - Podes anexar Red Hot Chilli Peppers - Under the bridge
Bem afinal ainda canto!!!
E tenho outra boa que dava muito que escrever, principalmente o primeiro verso Road tripping
Diz assim
-Roadtripping with my two favorite allies...
Bem estou a perder-me...
Beijos até já
Miguel
Carreguei no play e o coração disparou numa correria de batidas que me levou para lá. E é com assombro que constato que a ferida não sarou, e que a bagagem ainda pesa.
1996 e 97 e 98, quando a madrugada já ia longa e se cumpria mais uma tradição. Dançar, cantar, gritar...
Quantas vezes cantei esta música em plenos pulmões (e também I take one, one cause you left me...and ten , ten ,ten ...for everything,everything...)enquanto o corpo explodia num ritual de exortação. Recordo-me que numa destas noites, e porque a pista não era só minha, dei uma enorme cabeçada no meu companheiro de dança, o que me deixou deitada de costas,no meio da pista, fixando a bola de espelhos que rodava vertiginosamente ao som dos Violent Femmes, enquanto pensava:"...tenho que me levantar..."`.
E é isso que tenho vindo a tentar fazer desde essa altura, com vitórias, derrotas e muitas vezes ainda sentindo o peso da bagagem.
Etelvina
Cara Etelvina,
As cabeçadas nas pistas de dança... um clássico!
Quanto ao peso da bagagem, todos o sentimos, por vezes. Mas se olharmos para ela como nossa, única e intransmíssível, conseguimos distribuir o seu peso de forma "ergonómica". Deixa de incomodar e fica acessível para qualquer eventualidade...
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